Árbitro do quadro da Federação Paulista de Futebol desde 2024, Gabriel Balan Leme passou a se dividir entre o apito e a batina, já que é o padre da Comunidade Eclesial Missionária – Nossa Senhora Desatadora dos Nós, em Ribeirão Preto, onde teve sua ordenação concluída em 2018.
No comando de partidas das categorias de base do futebol de São Paulo, do Sub-11 ao Sub-20, Gabriel contou sobre a sua trajetória e o encontro entre as funções. “Comecei minha vida vocacional no seminário quando tinha 17 anos e o período de formação no seminário é muito longo e eu só tinha muito prazer em assistir futebol, mas ainda não tinha nenhum envolvimento. Depois fui percebendo como poderia associar a vida esportiva, que tanto estimava, com a minha vida sacerdotal. Entrei para o curso porque senti uma vocação para a arbitragem”, disse Gabriel em visita à sede da FPF nesta sexta-feira.

O apito, porém, entrou na sua vida por acaso. As muitas discussões no futebol de segunda-feira com os amigos fizeram o padre passar a apitar os jogos por lazer. Atualmente, formado e atuando, percebe a diferença entre os processos em partidas amadoras e oficiais. “Arbitragem respaldada por uma instituição tão forte como a Federação Paulista de Futebol oferece muita segurança para você desempenhar seu trabalho. Tive uma percepção de que o tratamento em campeonatos oficiais é bem diferente do que na várzea ou mesmo em grupos de amigos, onde a gente já tem intimidade”, comparou.
A rotina da vida dividida é, por vezes, apertada. Como padre, Gabriel tem seus compromissos com a igreja em que atua e como árbitro precisa de tempo para se dedicar aos treinos, estudos e aos jogos em que apita. Além das duas funções, o árbitro ainda encontra tempo para ensinar filosofia e sociologia. “É um desafio muito grande conciliar as agendas. O árbitro não trabalha só no campo, ele tem que treinar, tem que estar preparado fisicamente. Tento, todos os dias, separar uma rotina para treino, separar meu lado intelectual, que eu preciso para a escola, e claro o lado espiritual para a vida que tenho como padre. São grandes desafios que se somam”.
Mesmo exercendo funções de universos totalmente distintos, Gabriel encontra um ponto em comum no que faz: a formação dos mais jovens. O árbitro traça um paralelo entre as áreas e destaca a importância das categorias de base, seja no esporte ou na vida fora dos gramados. “Por mais que os métodos sejam diferentes, todos eles têm que servir para a educação, pois independentemente do que a pessoa vai ser, principalmente na categoria de base, muitos começam com o sonho de ser jogadores, mas não necessariamente serão. Além de formar o jogador é preciso formar o ser humano e isso é fundamental em todos os campos, escola, igreja ou futebol. Nós temos que assumir essa responsabilidade”, finalizou Gabriel, padre e árbitro, ou vice-versa.














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