Lá pelos idos de 600 a.C., um filósofo, Heráclito de Éfeso, já dizia que “nada no mundo é permanente, a não ser a mudança´´.
Não tenho a mínima ideia de como esse pensamento foi recebido naquela época. Nos dias atuais, provavelmente não causaria muita estranheza.
Hoje, as chamadas ´´verdades absolutas“ já não gozam de muito crédito. As coisas mudam com uma rapidez impressionante. O risco da certeza inabalável é cristalizar-se em dogmas, rechaçando toda ideia contraditória, ou então cair num simplismo reducionista próximo do ridículo.
Outro dia desses, num canal do Youtube, o filósofo Luiz Felipe Pondé afirmou: ´´A pessoa que tem muitas certezas normalmente pensa pouco“. Pode parecer um ponto de vista radical, mas merece uma boa reflexão.

Para quem está conectado com a realidade, não é difícil aceitar que vivemos num mundo cada vez mais complexo e mutante. Mesmo as certezas mais honestas tendem a gozar de uma credibilidade efêmera.
Para o bom observador e entendedor, as coisas nem sempre são exatamente o que parecem. Não faltam pontos de vista e critérios de análise a mostrar diferentes aspectos de uma mesma coisa ou fato.
Sem radicalismos, não é razoável instar alguém a admitir como redondo um objeto por ele observado como sendo quadrado. Porém, é razoável admitir a possibilidade de haver uma outra perspectiva pela qual o objeto parecia quadrado.
Afirmações aparentemente contraditórias talvez possam conciliar-se, ou aquilo percebido como oposto pode ser complementar. Essa variedade de hipóteses não pode ser desprezada.
Há que respeitar a dúvida honesta e o pensamento independente. Ninguém é dono da verdade.
Bem cantava Raul Seixas, ´´prefiro ser esta metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo`´.´
Por Gilberto Silos














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