O número de transplantes de órgãos em São Paulo registrou um crescimento significativo no primeiro trimestre de 2025, indicando avanços importantes na área da saúde pública. De acordo com dados divulgados pela Central de Transplantes de São Paulo, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde (SES), o destaque do período foi o transplante de pâncreas, que teve um aumento de 136%, passando de 11 para 26 procedimentos realizados.
Além disso, outros transplantes também apresentaram alta considerável: o de coração cresceu 34% (de 32 para 43), o de rim subiu 16% (de 329 para 406), o de pulmão teve um aumento de 12% (de 25 para 28) e o de fígado aumentou 9% (de 127 para 139). Esses números não apenas demonstram a eficiência logística, mas também o empenho das equipes médicas e da gestão pública na promoção da doação de órgãos.
Investimentos e incentivo à doação
Para alcançar esses resultados, o Governo do Estado de São Paulo implementou várias ações, como programas de capacitação e treinamento de profissionais de saúde, visando estimular a cultura da doação e sensibilizar a população sobre a importância desse gesto.
De acordo com o coordenador da Central de Transplantes, Francisco de Assis Monteiro, um dos desafios atuais é o aumento das taxas de recusa à doação, que cresceram cerca de 10% em 2024. “Isso impacta diretamente a fila de espera. Estamos trabalhando para criar uma cultura de doação de órgãos, com o objetivo de salvar mais vidas”, afirmou.
A campanha #EuSouDoador, por exemplo, teve grande repercussão nas redes sociais e meios de comunicação, promovendo o diálogo familiar e a conscientização sobre o tema.
Logística, tecnologia e modernização
Outra inovação importante foi o lançamento do TransplantAR – Aviação Solidária, um programa que utiliza aeronaves privadas para o transporte gratuito e rápido de órgãos, diminuindo o tempo entre a captação e o transplante. A rapidez é essencial para o sucesso do procedimento e pode ser decisiva para o receptor.
Além disso, a integração com serviços como o Poupatempo permite que pacientes na fila de espera acompanhem sua posição diretamente pelo aplicativo do programa, disponível para Android e iOS. Isso oferece mais transparência e autonomia para os pacientes.
Avanços na infraestrutura e remuneração
Em termos de infraestrutura, o Governo do Estado inaugurou o Centro de Transplantes de Medula Óssea no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Com um investimento de R$ 7,5 milhões, a nova unidade permitirá a realização de cerca de 100 transplantes por ano, ampliando a capacidade do sistema de saúde.
Na área financeira, a Secretaria de Estado da Saúde aumentou em até 80% os valores pagos pela Tabela SUS Paulista para sete procedimentos relacionados à captação de órgãos. Exemplos desse reajuste incluem a topoplastia de córnea, que passou de R$ 965 para R$ 2.973,59, e o transplante cutâneo, que saltou de R$ 1.297,01 para R$ 4.215,28. A remuneração para o deslocamento de equipe também foi reajustada.
Transparência e critérios técnicos
A Central de Transplantes de SP segue critérios rigorosos estabelecidos por lei para garantir justiça na alocação dos órgãos. Esses critérios incluem compatibilidade sanguínea e genética, dados antropométricos, tempo de espera e a gravidade do estado clínico do paciente.
Cada estado tem sua própria lista de espera, e o Sistema Estadual de Transplantes é responsável pela gestão de todas as etapas do processo — desde a inscrição até o acompanhamento pós-transplante. Pacientes mais graves, como aqueles internados que precisam de medicamentos intravenosos 24 horas por dia, são priorizados.
Todas as situações de emergência são avaliadas por uma câmara técnica formada por médicos das principais equipes transplantadoras do estado, que analisam a documentação e auditam os prontuários após os procedimentos realizados com base no critério de priorização.














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