Sob uma nova lente, a série Tremembé retrata as histórias de criminosos como Suzane von Richthofen, irmãos Cravinhos, Anna Carolina Jatobá, Alexandre Nardoni e Elize Matsunaga
Inspirada na obra do jornalista Ullisses Campbell, Tremembé, nova série do Prime Video, narra a realidade vivida dentro da conhecida “prisão dos famosos”. Localizada no interior de São Paulo, a penitenciária recebeu a alcunha devido à longa lista de figuras notórias que passaram por suas celas. A rotina e o cotidiano de personalidades como Suzane von Richthofen, Cristian e Daniel Cravinhos, Anna Carolina Jatobá, Alexandre Nardoni, Elize Matsunaga, Sandrão e Roger Abdelmassih são retratados na produção nacional, que vai muito além do crime cometido por cada um dos encarcerados.
“Tremembé talvez seja o maior protagonista da série”, declara Letícia Rodrigues, atriz que vive Sandrão, ex de Elize Matsunaga e Suzane von Richthofen. “A gente contou as histórias de cada um desses personagens a partir de coisas muito particulares e triviais do dia a dia na prisão — um encontro no corredor, uma ida ao banheiro, dormir, trabalhar. Enquanto espectadora e pessoa que acompanhou esses crimes pela mídia, é muito diferente e interessante ver sob essa nova lente”, avalia.
Carol Garcia, responsável pelo papel de Elize, destaca a singularidade da produção. “É uma série sobre as sutilezas, o pequeno, o simples. É o que se vê em um olhar, em um café da manhã, nos pormenores. E esse tipo de perspectiva, a gente ainda não viu no audiovisual”, aponta a atriz. “Não é sobre o acontecimento em si, é sobre o que esse acontecimento gerou de consequência”, complementa Marina Ruy Barbosa, que vive Suzane na ficção.
“Os episódios mostram o que as pessoas nunca viram. O que o público viu nesse meio-tempo que eles estiveram encarcerados foram recortes de saidinhas e cliques pela internet, mas a série traz detalhes das relações interpessoais que acontecem dentro da cadeia, e como acontece essa adaptação à vida na prisão”, detalha a atriz.
Ullisses Campbell garante que a equipe se esforçou, “de forma quase que obsessiva”, para que a produção fosse o mais fiel possível à realidade. “Na série, o figurino dos personagens é o mesmo uniforme que os presos de Tremembé usam e utilizamos a planta da penitenciária para montarmos nosso cenário. Além disso, parte dos figurantes eram egressos do presídio. No fim das contas, eu acho que tudo isso faz com que a nossa série seja muito mais real do que ficcional”, opina o também roteirista da produção.
O dia a dia em Tremembé
Ator que dá vida a Alexandre Nardoni na série, Lucas Oradovschi admite que o roteiro da produção foi essencial para a composição do personagem, já que não existem muitos relatos sobre a realidade do pai de Isabella Nardoni na prisão. “Ele é uma pessoa muito reservada, que, ao contrário de outros criminosos, não gosta de exposição. Além de me apoiar no texto do seriado, tive que realizar exercícios para imaginar como poderiam ser as relações de Alexandre com outros detentos”, conta.
“Sigo este caminho de um personagem solitário, que carrega muitas crises internas e com muita pressão emocional sobre si”, acrescenta o ator. Apesar da solidão vivida pelo encarcerado em Tremembé, o casamento de Alexandre com Anna Carolina Jatobá sobreviveu por mais de uma década. “Há um vínculo muito profundo entre essas duas pessoas, o que é um componente muito interessante para a história contada na série e para a composição desses personagens”, diz Lucas.
“São 16 anos se vendo em momentos raríssimos, ainda assim juntos, mantendo o mesmo discurso, totalmente alinhados. O seriado mostra essa distância, a solidão desses personagens e também a força dessa conexão”, adianta o ator.
Outro forte vínculo retratado em Tremembé é entre os irmãos Cravinhos. “Entender a relação deles foi fundamental no meu processo”, conta Kelner Macêdo, que faz o papel de Cristian. “Os dois foram os pilares de sustentação um do outro dentro do presídio. O meu personagem, por exemplo, alega que cometeu o crime por amor ao irmão, e não por dinheiro. Ele não queria que o Daniel fizesse isso sozinho. Então tem um pacto muito forte entre os dois, que é muito profundo”, relata.
“Cristian sabia que não tinha outro jeito — eles tinham cometido aquele crime e iriam pagar por isso. A partir daquele momento, a vida deles era dentro da prisão. Não adiantava ficar pensando no depois e no mundo lá fora”, acrescenta. Para Kelner, a prova de que o personagem se permitia viver a realidade dentro de Tremembé foi o triângulo amoroso que viveu com a esposa e Luca, também encarcerado da penitenciária.
“Ele era um cara que tinha muita fome de viver, mesmo preso, então se abriu para viver experiências lá dentro também”, comenta o ator. “Ele se entregou para Luca. Eles escrevem cartas de amor um para o outro e, quando o parceiro dele termina de cumprir a pena, eles trocam flores e o Christian chora, comove-se e sente falta. Ao mesmo tempo, ele vive essa relação com a esposa, que o visita todo domingo, leva comida, etc.”, narra Kelner.
Flashbacks
Embora a série tenha foco voltado para a realidade vivida em Tremembé, os crimes também são retratados ao longo dos episódios, por meio de flashbacks. “A cena do assassinato foi a mais difícil gravar. É um crime muito violento, muito bárbaro. Foi muito dura a forma como eles mataram os pais da Suzane, então foi muito desafiador entrar em contato com isso”, confessa Kelner.














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