O fotógrafo Alex Silva, responsável pela imagem que mostra o ministro do STF, Alexandre de Moraes, fazendo um gesto obsceno durante um jogo de futebol, foi demitido do jornal O Estado de S. Paulo após mais de 20 anos de atuação na casa. A demissão aconteceu dias após a foto viralizar nas redes sociais e provocou uma onda de indignação entre jornalistas e defensores da liberdade de imprensa.
A imagem foi registrada durante o clássico entre Corinthians e Palmeiras, no dia 31 de julho, na Neo Química Arena, em São Paulo. No clique, Moraes aparece em um camarote, sorrindo, enquanto levanta o dedo médio um gesto comumente interpretado como ofensivo. Agências de checagem confirmaram a autenticidade da foto, que rapidamente se espalhou pelas plataformas digitais.
Poucos dias depois da repercussão, Alex Silva foi desligado do Grupo Estado. A empresa alegou que a decisão já estava prevista dentro de uma reestruturação interna e negou qualquer relação com a publicação da imagem. No entanto, o fotógrafo contestou essa versão em conversas com colegas e veículos de comunicação, insinuando que sua saída foi uma retaliação velada diante da repercussão negativa envolvendo uma figura de alto escalão do Judiciário.
A demissão gerou forte reação no meio jornalístico. Entidades representativas da categoria e profissionais da área manifestaram preocupação com o que classificam como um ataque indireto à liberdade de expressão. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de São Paulo acompanha o caso e deve se posicionar formalmente nos próximos dias.
Por outro lado, Alexandre de Moraes não se pronunciou sobre o gesto e, até o momento, não há qualquer investigação ou apuração institucional relacionada ao episódio. A ausência de cobrança oficial gerou comparações com outros casos semelhantes como o do ex-ministro Abraham Weintraub, que enfrentou representações formais por atos parecidos.
Análise final
O episódio evidencia a delicada linha entre o exercício do jornalismo e as pressões que se escondem nos bastidores do poder. Ainda que a demissão de Alex Silva seja tratada como “coincidência administrativa”, o contexto aponta para uma erosão silenciosa da autonomia editorial diante de figuras públicas blindadas institucionalmente.
Mais do que uma simples demissão, o caso escancara um problema estrutural: a fragilidade de profissionais da imprensa frente a um cenário de polarização, judicialização e silenciamento indireto. A foto de Moraes e suas consequências não são apenas uma polêmica momentânea — são reflexo de uma crise contínua entre o direito à informação e os limites impostos pela força do poder.














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