A Embraer projeta um possível prejuízo de até R$ 20 bilhões até 2030 caso avance a proposta de aumento tarifário dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. O novo pacote, apelidado de “tarifaço”, foi anunciado pelo ex-presidente Donald Trump e prevê um salto na alíquota de importação de 10% para 50%, com vigência prevista já para agosto.
A estimativa foi divulgada pelo CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, durante coletiva com a imprensa. Segundo ele, os Estados Unidos representam cerca de 45% das vendas de jatos comerciais da empresa e aproximadamente 70% das entregas de jatos executivos. Por isso, qualquer alteração no regime de exportações pode causar consequências significativas em toda a cadeia produtiva da fabricante.
Só em 2025, a empresa calcula um impacto direto de cerca de R$ 2 bilhões, valor considerado insustentável. “É muito difícil para qualquer empresa absorver um aumento tão expressivo de custos”, alertou Gomes Neto. Para tentar evitar os danos, a Embraer já está em articulação com o governo brasileiro, buscando um acordo diplomático com os EUA, nos moldes do que foi feito anteriormente com o Reino Unido.
O executivo também chamou atenção para efeitos colaterais severos, como a possível suspensão de encomendas, adiamentos na produção, retração de investimentos e cortes de pessoal. Ele comparou o possível impacto ao enfrentado durante a pandemia da Covid-19, quando a empresa foi obrigada a demitir 2.500 colaboradores e viu sua receita cair 30%.
Outro ponto destacado é que o “tarifaço” não prejudicaria apenas o Brasil, mas também os fornecedores americanos integrados à cadeia de suprimentos da Embraer. “Trata-se de uma medida onde todos saem perdendo”, concluiu.
Impacto pode chegar à casa dos bilhões
Atualmente, a Embraer possui 181 aeronaves comerciais encomendadas por companhias aéreas dos Estados Unidos, como American Airlines, Republic, Horizon, Azorra, AirCastle e SkyWest. Durante o Paris Air Show, a empresa também assinou um contrato com a SkyWest para entrega de 60 novos aviões, avaliados em US$ 3,6 bilhões.
Com a alíquota atual de 10%, o custo de exportação desses modelos gira em torno de US$ 360 milhões. Caso a nova tarifa de 50% entre em vigor, esse valor pode saltar para impressionantes US$ 1,8 bilhão, o que representa uma alta de 400%.
Apesar do risco, nenhuma companhia aérea norte-americana cancelou encomendas até o momento. Segundo o CEO, o setor aguarda com cautela os desdobramentos e a possível solução negociada entre os dois países.
A Embraer reforçou que continua em diálogo com autoridades brasileiras e americanas com o objetivo de manter a competitividade da indústria aeronáutica nacional e evitar perdas comerciais graves.














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