O cérebro TDAH esta sempre em busca incessante pela dopamina
O cérebro de quem tem TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) funciona de forma diferente — não porque está “quebrado”, mas porque é movido por um combustível diferente: a dopamina.
A dopamina é o neurotransmissor responsável por gerar prazer, motivação, foco e senso de recompensa. É ela que faz o cérebro se interessar por uma tarefa, persistir nela e sentir satisfação ao concluí-la.
No cérebro típico, esse sistema de recompensa funciona de maneira equilibrada. Já no cérebro TDAH, há uma distribuição e regulação mais baixa da dopamina, principalmente no lobo frontal, a região responsável pelo planejamento, organização, controle de impulsos e tomada de decisões.

É como se o cérebro TDAH vivesse entre dois extremos: o CAOS e o EQUILÍBRIO.
Quando há pouca dopamina, o caos se instala — a mente se dispersa, o foco escapa, as emoções oscilam e o corpo busca, de forma inconsciente, qualquer estímulo que possa aumentar a liberação desse neurotransmissor. É por isso que o TDAH se sente “ligado” em situações de pressão, risco, novidade ou desafio. O cérebro, nesse momento, está em busca de dopamina — tentando sair da letargia química que o aprisiona.
É exatamente por isso que muitos indivíduos com TDAH estão mais vulneráveis a desenvolver VICIOS, seja em álcool, drogas, nicotina, jogos ou comportamentos de risco. O que para muitos é apenas um escape momentâneo, para o cérebro TDAH pode se tornar uma fonte intensa de dopamina imediata — algo que o cérebro aprende rapidamente a desejar e repetir.
O álcool e os entorpecentes, por exemplo, liberam grandes quantidades de dopamina no cérebro, trazendo uma sensação temporária de calma, foco ou alívio. Mas esse alívio é ilusório e perigoso: logo depois vem a queda brusca da dopamina, aumentando o sentimento de vazio, ansiedade e impulsividade.
Esse ciclo de prazer e culpa, euforia e exaustão, mantém o indivíduo preso em um padrão autodestrutivo, muitas vezes sem compreender que o verdadeiro problema está na neuroquímica, não na falta de força de vontade.
Por outro lado, quando o cérebro consegue atingir níveis ideais de dopamina, surge o equilíbrio: o foco aparece, a criatividade flui, a produtividade se organiza e o indivíduo se sente plenamente conectado com aquilo que faz. Esse é o famoso “estado de hiperfoco”, em que o tempo parece desaparecer e tudo ganha sentido.
O lobo frontal é o maestro desse processo. Ele depende da dopamina para coordenar a atenção e as funções executivas — aquelas que permitem ao indivíduo planejar, priorizar e concluir tarefas. No TDAH, esse maestro tem menos dopamina à disposição e, por isso, o ritmo da orquestra mental se perde com facilidade.
Assim , o cérebro TDAH vive numa dança constante entre a necessidade e o excesso, entre o caos e o equilíbrio. Ele não busca bagunça por escolha, mas por química. E entender isso é o primeiro passo para acolher, compreender e equilibrar um cérebro que, embora funcione diferente, é brilhante na sua INTENSIDADE e POTÊNCIA.
Dra Pollyana Vieira
Neurocientista Especialista em Comportamento e Desenvolvimento Humano
SBNeC n° 16557/21
Psicanalista
Analista do Comportamento – ABA














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