Revista

    Indígenas repudiam declaração de Huck sobre “limpar cultura”

    Apresentador causou polêmica durante visita ao Xingu

    Associações indígenas publicaram notas de repúdio contra as declarações do apresentador Luciano Huck proferidas durante visita ao Parque Indígena do Xingu, em Mato Grosso. Na ocasião, o apresentador pediu que os indígenas escondessem seus celulares antes das gravações e retirassem roupas consideradas “não tradicionais” a fim de “limpar a cultura” deles.

    Para a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), as falas de Huck foram “infelizes”.

    – Ao dizer “limpa a cultura de vocês aí”, sugerindo que a presença de celulares diminuiria a “autenticidade” da imagem, reforça-se uma visão equivocada e perigosa sobre os povos indígenas. As culturas indígenas não precisam ser “limpas”. São diversas, vivas, dinâmicas e múltiplas – afirmou.

    A entidade ainda destacou que cada indígena carrega consigo a cultura de seu povo na sua língua, em seu corpo, memórias e práticas, e que isso “não deve ser apagado ou moldado ao olhar do outro”.

    – A Coiab espera que esse episódio sirva como reflexão e conscientização para toda a sociedade a respeito da diversidade cultural e do direito dos povos indígenas à autodeterminação. Com ou sem celular na mão – completou.

    A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), por sua vez, manifestou “profunda indignação” com as declarações do apresentador da Rede Globo.

    – A Apib manifesta profunda indignação diante da fala de Luciano Huck, “limpem a cultura de vocês”, sugerindo que o uso do celular “suja” a cultura indígena. Possuir um celular não torna um parente menos indígena. Nossa identidade não se mede por objetos, mas por ancestralidade, território, memória e luta – assinala.

    Na sequência, a Apib destaca que o acesso à tecnologia é um direito de todos os cidadãos e que tem sido uma ferramenta importante “na defesa dos territórios, no monitoramento ambiental, no acesso à educação e ao trabalho, na comunicação entre comunidades e Estado, e na denúncia de violações historicamente invisibilizadas”.

    ENTENDA
    Como mostrou o Pleno.News, Huck tem sido alvo de críticas em razão da gravação realizada em agosto deste ano. Nos bastidores, o apresentador pediu que indígenas que não estivessem com roupas tradicionais se afastassem e que os demais não usassem seus celulares porque, para Huck, os aparelhos não condizem com a “cultura original”.

    – É o seguinte: a gente está cheio de câmera. Quanto mais celular de vocês aparece, acho que menos é a cultura de vocês. Quanto mais a gente conseguir preservar as nossas cenas sem celular. Porque assim, quando aparece vocês de celular, acho que mexe na cultura original. Quando tiver gravando, se vocês puderem “segurar” o celular, quem tiver que ver, valoriza mais vocês. Se puder falar isso para o povo, é bom – afirmou, causando repercussão negativa após o vídeo viralizar.

    Após a repercussão negativa, ele emitiu uma nota afirmando ser “defensor dos povos originários” e que suas falas foram “decisões de direção de arte“.

    Leia a nota do apresentador a seguir:
    Minha relação com as comunidades indígenas no Brasil atravessa décadas. Sou, e sempre serei, defensor dos povos originários, de sua cultura, de sua territorialidade e de sua preservação. Dos Zo’é aos Yanomami, estive pessoalmente em dezenas de terras indígenas ao longo da minha trajetória. Eu conheço de perto essa realidade; não foi alguém que me contou.

    Sempre defendi que as escolhas sobre modos de vida, tradições e caminhos futuros pertencem única e exclusivamente aos próprios povos indígenas.

    Sobre a imagem em questão, registrada nos bastidores de uma gravação, é importante esclarecer: não se tratou de impor qualquer tipo de limitação cultural ou de consumo. Foi apenas uma decisão de direção de arte, um ajuste pontual dentro do contexto de um set de filmagem, nada além disso.

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