Autoridades dos Estados Unidos estão pressionando o governo brasileiro a classificar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. O assunto foi discutido durante uma reunião realizada nesta segunda-feira (6), entre representantes norte-americanos e técnicos do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), sob a gestão do presidente Lula (PT).
De acordo com informações da CNN, os norte-americanos argumentaram que a nova classificação permitiria a aplicação de sanções econômicas mais severas, além de ampliar a cooperação internacional no enfrentamento ao crime organizado. No entanto, representantes do governo brasileiro explicaram que a legislação nacional não prevê esse tipo de enquadramento para grupos criminosos como PCC e CV, que atualmente são tratados como organizações criminosas, e não como terroristas.
Nos Estados Unidos, a definição legal de terrorismo é mais ampla. Por lá, grupos envolvidos com tráfico internacional e violência armada podem receber essa designação. Um exemplo citado é o da organização venezuelana Tren de Aragua, já reconhecida como grupo terrorista pelas autoridades americanas.
Segundo o professor de Relações Internacionais Vitelio Brustolin, da UFF e pesquisador de Harvard, os EUA têm pelo menos quatro motivações principais para adotar essa postura:
Atuação internacional: PCC e CV expandiram suas operações para fora do Brasil, estabelecendo conexões com cartéis de drogas no México e até em território americano.
Nível de violência: Ambas as facções possuem histórico de ações violentas, como atentados e execuções, que, segundo os EUA, se enquadram como atos terroristas.
Presença em solo americano: Há indícios de infiltração do PCC em estados como Massachusetts e Pensilvânia, atuando em lavagem de dinheiro e tráfico de armas.
Potencial de sanções: Com o rótulo de terrorismo, seria possível congelar ativos, restringir transações financeiras e exigir medidas mais duras de países aliados.
Já o cientista político Maurício Santoro avalia que a pressão faz parte de uma estratégia adotada desde o governo Donald Trump, que busca convencer nações latino-americanas a adotar uma abordagem mais rígida contra o crime organizado.
Contudo, a legislação brasileira considera terrorismo apenas quando motivado por xenofobia, preconceito, discriminação ou razões ideológicas, com o intuito de provocar medo generalizado — critérios que, segundo o MJSP, não se aplicam às facções brasileiras.














Deixe um comentário