O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal (PF) e se tornou o centro de uma investigação de manipulação de resultados ligada a apostas esportivas. A apuração, parte da Operação Spot-fixing, concluiu que o jogador teria forçado deliberadamente um cartão amarelo durante uma partida do Campeonato Brasileiro de 2023 para favorecer familiares e amigos em esquemas de apostas online.
O lance investigado ocorreu nos acréscimos do jogo contra o Santos, quando Bruno Henrique cometeu uma falta e recebeu o cartão. Segundo a PF, ele teria avisado seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior, na véspera da partida sobre a infração planejada — o que, de fato, ocorreu. A aposta gerou lucros para os envolvidos.
Durante a investigação, a PF analisou 3.989 mensagens no WhatsApp do atleta. Muitas delas haviam sido apagadas, o que levantou suspeitas de tentativa de encobrir provas. No celular do irmão de Bruno Henrique, conversas comprometeram ainda mais a situação, indicando participação direta no esquema.
As autoridades identificaram dois núcleos de envolvidos: um composto pelo jogador, seu irmão, uma prima e a cunhada; e outro por seis apostadores, amigos próximos da família. Os valores apostados variaram entre R$ 380 e R$ 500, com lucros que superaram R$ 1.400 em algumas apostas.
Bruno Henrique foi indiciado por estelionato e fraude em competição esportiva, podendo enfrentar sanções judiciais e esportivas. No entanto, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) arquivou o caso no âmbito desportivo, alegando que o cartão estava dentro da normalidade e que não havia vantagem financeira significativa, considerando o salário do jogador.
Apesar disso, casas de apostas notificaram a International Betting Integrity Association (IBIA) sobre o episódio. A IBIA e a Sportradar — empresa que monitora jogos para a FIFA — forneceram dados que embasaram o inquérito da PF.
Em nota oficial, o Flamengo afirmou não ter sido oficialmente notificado, mas reiterou seu compromisso com a integridade esportiva e destacou a presunção de inocência do jogador:
“Bruno Henrique desfruta da nossa confiança e, como qualquer pessoa, goza de presunção de inocência.”
A defesa do jogador já entrou com pedido de arquivamento do processo e a devolução de bens apreendidos. O caso tem ganhado repercussão também na mídia internacional, reacendendo o debate sobre a relação entre o futebol e as apostas esportivas no Brasil.














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